domingo, 9 de setembro de 2007

Cemitério de pássaros em Paquetá é o único no Brasil


Ninguém sabe exatamente quando ele surgiu, mas há décadas é motivo de orgulho dos moradores de Paquetá, Ilha na Baía de Guanabara que já inspirou escritores, compositores e que tem lugar de destaque garantido na memória afetiva dos cariocas que passaram dos 50 anos.

Único no Brasil, o cemitério de passarinhos e aves em geral fica na Rua Joaquim Manoel de Macedo, assim batizada em homenagem ao autor de ‘A Moreninha’, romance pioneiro do Romantismo brasileiro no século XIX.

Já imaginou um enterro em que, no lugar da Marcha Fúnebre, os próprios passarinhos que sobrevoam os arbustos cuidam da trilha sonora? Neste curioso cemitério de Paquetá é assim. Em vez de metros, as sepulturas são medidas em centímetros. As imagens barrocas de anjos dão lugar a esculturas de pássaros como as peças "O pássaro abatido" e "O pouso do pássaro cansado", do artista plástico paquetaense Pedro Bruno, fundador do espaço.

O cemitério de passarinhos, que tem 24 sepulturas, fica ao lado e é interligado ao cemitério da ilha. Nada de poder público em sua manutenção. É cuidado há 45 anos pelo aposentado Theóphilo Coutinho, de 84 anos. Nem ele sabe quando o cemitério foi fundado, mas arrisca umas contas. Como Pedro Bruno morreu com 80 anos nos 1960, Coutinho estima que o cemitério exista desde o século XIX.

Covas têm entre 20 e 30 cm

“Eu mesmo faço os carneirinhos (túmulos), que têm 40cm x 30cm por fora e mede 20cm x 10cm por dentro. Quem quiser é só trazer o passarinho aqui, não cobro nada”, conta o aposentado que já perdeu a conta do número de aves que enterrou. “Mas vem mais gente do Rio do que da ilha mesmo”, explica Coutinho, que decidiu assumir a direção do cemitério nos anos 1960, quando se mudou para uma casa ao lado.

“Aquilo estava abandonado. Minha mulher resolveu organizar tudo e decidiu que seríamos os responsáveis. Depois que ela morreu, cumpro sozinho a missão”, conta orgulhoso não só de sua obra, mas também de viver ao lado de um dos pontos turísticos de Paquetá.

Como os pequenos ossos dos pássaros se desintegram mais rapidamente do que os dos homens, é alta a rotatividade nos túmulos, o que permite a Coutinho colecionar histórias. “Teve uma senhora que trouxe um papagaio que vivia com ela há 25 anos. Depois de uns três meses voltou para visitar, trouxe flores, como se fosse um parente”, recorda.
globo

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Ninguém sabe exatamente quando ele surgiu, mas há décadas é motivo de orgulho dos moradores de Paquetá, Ilha na Baía de Guanabara que já inspirou escritores, compositores e que tem lugar de destaque garantido na memória afetiva dos cariocas que passaram dos 50 anos.

Único no Brasil, o cemitério de passarinhos e aves em geral fica na Rua Joaquim Manoel de Macedo, assim batizada em homenagem ao autor de ‘A Moreninha’, romance pioneiro do Romantismo brasileiro no século XIX.

Já imaginou um enterro em que, no lugar da Marcha Fúnebre, os próprios passarinhos que sobrevoam os arbustos cuidam da trilha sonora? Neste curioso cemitério de Paquetá é assim. Em vez de metros, as sepulturas são medidas em centímetros. As imagens barrocas de anjos dão lugar a esculturas de pássaros como as peças "O pássaro abatido" e "O pouso do pássaro cansado", do artista plástico paquetaense Pedro Bruno, fundador do espaço.

O cemitério de passarinhos, que tem 24 sepulturas, fica ao lado e é interligado ao cemitério da ilha. Nada de poder público em sua manutenção. É cuidado há 45 anos pelo aposentado Theóphilo Coutinho, de 84 anos. Nem ele sabe quando o cemitério foi fundado, mas arrisca umas contas. Como Pedro Bruno morreu com 80 anos nos 1960, Coutinho estima que o cemitério exista desde o século XIX.

Covas têm entre 20 e 30 cm

“Eu mesmo faço os carneirinhos (túmulos), que têm 40cm x 30cm por fora e mede 20cm x 10cm por dentro. Quem quiser é só trazer o passarinho aqui, não cobro nada”, conta o aposentado que já perdeu a conta do número de aves que enterrou. “Mas vem mais gente do Rio do que da ilha mesmo”, explica Coutinho, que decidiu assumir a direção do cemitério nos anos 1960, quando se mudou para uma casa ao lado.

“Aquilo estava abandonado. Minha mulher resolveu organizar tudo e decidiu que seríamos os responsáveis. Depois que ela morreu, cumpro sozinho a missão”, conta orgulhoso não só de sua obra, mas também de viver ao lado de um dos pontos turísticos de Paquetá.

Como os pequenos ossos dos pássaros se desintegram mais rapidamente do que os dos homens, é alta a rotatividade nos túmulos, o que permite a Coutinho colecionar histórias. “Teve uma senhora que trouxe um papagaio que vivia com ela há 25 anos. Depois de uns três meses voltou para visitar, trouxe flores, como se fosse um parente”, recorda.
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Postado por Igor Viana Marcadores: ,

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