domingo, 17 de janeiro de 2010

Fortaleza das antigas - O primeiro automóvel de Fortaleza

O primeiro automóvel chegou por aqui em 28 de março de 1909, vindo dos Estados Unidos pelo vapor inglês “Cearense”.

Era um automóvel da marca “Rambler” usado, comprado pela Empresa Auto Transporte, de propriedade do Dr. Meton de Alencar e de Julio Pinto, adquirido por 8:000$000. (Creio que o valor seja oito mil Réis).

Após o desembarque na alfândega, como ninguém soubesse dirigir, o veículo foi puxado por um jumento no trajeto entre o prédio da alfândega até o edifício do Cinema Júlio Pinto, localizado na Rua Major Facundo n° 64, acompanhado por uma verdadeira multidão de curiosos, que se formou ao redor do veiculo e do jumento.

Depois de muito pesquisar o motor, dois intrépidos cidadãos aprenderam a dirigir e quando saíam para a via pública, eram sempre alvos de curiosidade por parte da população.

Nessas viagens quase sempre o carro enguiçava, sendo preciso desmontá-lo em plena rua para consertá-lo. Como o motor estava localizado sob o veiculo, era necessário arrancar a carroceria todas as vezes que isso acontecia.

Certa vez perdeu-se a tampa do radiador na estrada de Messejana, e o proprietário anunciou no jornal que gratificaria a quem a encontrasse e devolvesse. Movimentou-se então uma multidão de populares em busca da peça, mas como ninguém sabia o que seria uma tampa de radiador, foram levados ao proprietário, todos os tipos de objetos de ferro que puderam ser encontrados naquela estrada, inclusive, até camburões de ferro.

Depois de um tempo, de tanto rodar, os pneus ficaram gastos e precisaram ser substituídos, mas onde encontrá-los? Improvisaram então umas rodas de madeira com aros de ferro, que faziam uma barulheira infernal nas pedras de calçamento.

Apesar dos percalços, esse carro conseguiu fazer diversas viagens a Messejana, e de certa feita, foi até Canindé, durante as festas religiosas. Seguiu de Fortaleza até Itaúna dentro de um vagão da E.F. de Baturité, e daí em diante rodando por uma estrada improvisada, levou um dia inteiro até chegar a Canindé.

Em certa ocasião ao trafegar na Avenida do Imperador, ao desviar-se de um pedestre, o carro foi de encontro a um muro, derrubando-o. Esse foi o primeiro acidente de trânsito da história da cidade.

Extraído do livro “Coisas que o Tempo Levou” de Raimundo de Menezes

Um comentário:

A Paris... disse...

Olá Fred,
Este relato é muito interessante, algo típico para a gente, comprar um carro sem mesmo saber como lidar com ele...
Aqui nas bandas do sul os carros eram comprados e vinham com mecânicos/motoristas contratados para fazer aquela "coisas" andarem com alguma segurança. sim, pois igualmente ninguém sabia como comandar aquela chaleiras malucas.
Tivemos exceções como Santos Dumont que sabia sim dirigir...
Um abraço e Feliz Dia Nacional do Fusca!
Alexander Gromow

O primeiro automóvel chegou por aqui em 28 de março de 1909, vindo dos Estados Unidos pelo vapor inglês “Cearense”.

Era um automóvel da marca “Rambler” usado, comprado pela Empresa Auto Transporte, de propriedade do Dr. Meton de Alencar e de Julio Pinto, adquirido por 8:000$000. (Creio que o valor seja oito mil Réis).

Após o desembarque na alfândega, como ninguém soubesse dirigir, o veículo foi puxado por um jumento no trajeto entre o prédio da alfândega até o edifício do Cinema Júlio Pinto, localizado na Rua Major Facundo n° 64, acompanhado por uma verdadeira multidão de curiosos, que se formou ao redor do veiculo e do jumento.

Depois de muito pesquisar o motor, dois intrépidos cidadãos aprenderam a dirigir e quando saíam para a via pública, eram sempre alvos de curiosidade por parte da população.

Nessas viagens quase sempre o carro enguiçava, sendo preciso desmontá-lo em plena rua para consertá-lo. Como o motor estava localizado sob o veiculo, era necessário arrancar a carroceria todas as vezes que isso acontecia.

Certa vez perdeu-se a tampa do radiador na estrada de Messejana, e o proprietário anunciou no jornal que gratificaria a quem a encontrasse e devolvesse. Movimentou-se então uma multidão de populares em busca da peça, mas como ninguém sabia o que seria uma tampa de radiador, foram levados ao proprietário, todos os tipos de objetos de ferro que puderam ser encontrados naquela estrada, inclusive, até camburões de ferro.

Depois de um tempo, de tanto rodar, os pneus ficaram gastos e precisaram ser substituídos, mas onde encontrá-los? Improvisaram então umas rodas de madeira com aros de ferro, que faziam uma barulheira infernal nas pedras de calçamento.

Apesar dos percalços, esse carro conseguiu fazer diversas viagens a Messejana, e de certa feita, foi até Canindé, durante as festas religiosas. Seguiu de Fortaleza até Itaúna dentro de um vagão da E.F. de Baturité, e daí em diante rodando por uma estrada improvisada, levou um dia inteiro até chegar a Canindé.

Em certa ocasião ao trafegar na Avenida do Imperador, ao desviar-se de um pedestre, o carro foi de encontro a um muro, derrubando-o. Esse foi o primeiro acidente de trânsito da história da cidade.

Extraído do livro “Coisas que o Tempo Levou” de Raimundo de Menezes
Postado por Igor Viana Marcadores: ,

1 comentários:

A Paris... disse...

Olá Fred,
Este relato é muito interessante, algo típico para a gente, comprar um carro sem mesmo saber como lidar com ele...
Aqui nas bandas do sul os carros eram comprados e vinham com mecânicos/motoristas contratados para fazer aquela "coisas" andarem com alguma segurança. sim, pois igualmente ninguém sabia como comandar aquela chaleiras malucas.
Tivemos exceções como Santos Dumont que sabia sim dirigir...
Um abraço e Feliz Dia Nacional do Fusca!
Alexander Gromow

20 de janeiro de 2011 às 15:28