Quando eu tinha 16 anos, eu morei nos Estados Unidos numa cidade como a da Universidade Tecnológica da Virgínia, mas na Florida. Em pleno racismo, quando jogavam ácido nas piscinas onde os negros nadavam.
Eu sentia uma pressão social pela porrada. Eram sintomas: os egg heads – cabeças de ovo, estudiosos, fracos – eram odiados. Quem mandava eram os porradeiros. Havia uma violência habitual, cotidiana, que deu nos filmes tipo "Clube da luta".
As brigas a que eu assistia só acabavam com o desmaio de um dos dois. Nem o diretor da escola podia intervir. Mas isso não explica o massacre.
Mas todos começam a procurar razões para poder dormir em paz. “Ah, foi a venda de armas!”. “Ah, foi o capitalismo”.
Mas todos começam a procurar razões para poder dormir em paz. “Ah, foi a venda de armas!”. “Ah, foi o capitalismo”.
Na terça-feira, no Rio, foram para o brejo mais de 20 nos morros. Mata-se muito mais na miséria.
No caso desse assassino, ele não era nem da cultura americana. Era um imigrante psicótico. Falou em matar ricos e charlatães, vivia discriminado, talvez numa solidão dolorosa, levando-o à vingança.
Ah, mas precisamos de uma explicação!
Explicação? Depois de Stalin, Hitler, Hiroshima, Mao, 11 de setembro, Iraque, ainda estamos atrás de explicação? Se loucura tivesse explicação, não seria loucura.
É mas ninguém suporta o inexplicável. Tudo bem. Mas daqui para frente é melhor nos acostumarmos, porque vai piorar. A razão era assim um luxo de franceses, como o escargot: c´est fini, mes amis.
Arnaldo Jabor
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