Aedes Albopictus. Esse é o nome do mais novo mosquito que pode estar ajudando a espalhar a dengue por Fortaleza e pelo Brasil. A espécie de origem silvestre e habitat rural foi encontrada pela primeira vez em Fortaleza em 2005, apenas no bairro Montese. Hoje, já há registros dela em aproximadamente metade dos bairros de Fortaleza, em todas as áreas regionais da Cidade.
Os dados são dos pesquisadores Victor Emanuel Pessoa Martins e Patrícia Facó, que desenvolvem trabalho de doutorado sobre o tema e fazem parte do grupo multidisciplinar de Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Antes que a notícia cause alarde na população, convém esclarecer: não há confirmação de que o Aedes Albopictus esteja transmitindo a dengue no Brasil. Por outro lado, o “tigre asiático”, como é conhecido, é confirmadamente um transmissor secundário da doença no Japão.
Segundo Victor Martins, o que mais preocupa em relação à grande presença do Aedes Albopictus em Fortaleza é a adaptação dele às áreas urbanas. Os pesquisadores da Uece já registraram o mosquito em ambientes domésticos, fato anormal para uma espécie silvestre.
“Ele está cada vez mais parecido com Aedes Aegypti”, informa, acrescentando que há suspeitas da presença do Albopictus em municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior.
Incidência
Na Capital, segundo a pesquisa, a maior incidência do “tigre asiático” tem sido registrada em bairros com uma grande cobertura vegetal.
De acordo com Patrícia Facó, é fácil encontrar ovos do mosquito em ocos de árvore, que acumulam água facilmente. Outros locais, como cascas de fruta e entrenós de bambus, também podem servir de criadouros naturais. Conforme a coordenadora do grupo multidisciplinar e das pesquisas sobre dengue da Uece, professora Maria Izabel Florindo Guedes, há a possibilidade de o Albopictus estar relacionado ao aumento do número dos casos de dengue em Fortaleza entre 2005 e 2006 (11.776 para 15.974), visto que nenhum sorotipo novo da doença foi registrado na Capital. “Ele chegou com força total”, afirma ela, se referindo ao mosquito.
Apenas em 2008, vai ser possível saber se o “tigre asiático” está transmitindo a dengue em Fortaleza. Essa será a fase conclusiva da pesquisa, quando vai ser feito o isolamento viral do mosquito, ou seja o teste para detectar se o vírus da dengue está presente nos Albopictus. Em caso positivo, segundo Victor Martins, “será quase certeza” que a espécie está transmitindo a dengue à população. “Outros fatores como a quantidade de mosquitos infectados terão que ser considerados também”, esclarece o.
Uma das pesquisas do grupo multidisciplinar de Biotecnologia Ambiental da Uece tenta descobrir a inédita vacina para a produção de anti-corpos que evitem o contágio da dengue. De acordo com a professora Maria Izabel Florindo Guedes, o grupo está perto de alcançar o objetivo.
As experiências realizadas na Uece utilizam um vírus que afeta plantas e o “envelope” dos quatro sorotipos do vírus da dengue. “Nos testes, o antídoto induziu à produção de um alto nível de anti-corpos em coelhos e camundongos”, revela a pesquisadora.
Segundo ela, a utilização de um vírus vegetal dá mais segurança a quem for tomar a vacina, pois não haverá perigo de o antídoto induzir à doença. Outra vantagem é o uso dos quatro sorotipos virais da dengue, o que pode garantir a imunidade a todas as formas da enfermidade.
A próxima fase do projeto deve começar em janeiro de 2008, sendo necessários avanços em biologia molecular para a produção da vacina em larga escala. O passo seguinte a esse será o teste em seres humanos. O Ministério da Saúde é o principal incentivador do projeto, conforme a professora.
OFICINAS E BORRACHARIAS
Reunião visa combater contágio
Cerca de 90 proprietários de oficinas, borracharias, sucatas e outros pontos estratégicos de combate à dengue foram reunidos ontem na Secretaria Executiva Regional (SER) III. Essa foi a 2ª reunião realizada com donos de estabelecimentos na área.
O objetivo é conscientizá-los dos cuidados a serem tomados com a expansão da dengue, visto que esses locais são um dos principais focos de infestação do Aedes aegypti, conforme noticiou o Diário do Nordeste na edição do último dia 29.
Segundo o chefe do Distrito de Endemias da SER III, Sidrônio Ferreira, nenhuma infestação do mosquito foi dectada nos estabelecimentos dos 105 participantes da primeira reunião em setembro. “A gente está percebendo que os proprietários estão se conscientizando dos cuidados a serem tomados”, explicou.
Um deles é o dono de uma oficina no bairro Autran Nunes, Gerardo Almeida, 47. Ele conta que sempre é elogiado por agentes da Vigilância Sanitária por tomar o cuidado de guardar pneus e peças que possam acumular água. “Eu não faço isso por estar preocupado em levar multas, mas sim com a minha saúde”, diz ele.
O índice de infestação predial nos PEs da SER III caiu de 4% na primeira quinzena de setembro para 2,68% nos quinze dias iniciais de outubro.
Em toda a Capital, o dado mais recente é da segunda quinzena de setembro, que também mostra queda em relação à medição anterior: de 2,41% para 1,85%.
DENGUE
Sesa confirma 230 novos casos
Aumenta em 230 o número de casos de dengue no Ceará. Foram 22.488 confirmações desta semana contra 22.258 da anterior. Quanto à forma mais grave da doença, a hemorrágica, em uma semana, segundo o Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a quantidade de casos confirmados saltou de 262 para 265, sendo as três últimas confirmações registradas em Quixadá, a 158 quilômetros de Fortaleza.
Ainda de acordo com o informe semanal da Sesa, não há mudança quanto à quantidade de óbitos, permanecendo até ontem os oito casos anteriormente confirmados em cinco municípios. Sobral já apresenta três vítimas, liderando a lista; Quixadá, uma; Juazeiro do Norte, duas; Camocim uma; e Salitre também uma.
Fortaleza continua a ocupar o primeiro lugar no ranking dos 168 municípios cearenses atingidos pela doença, tanto na sua forma clássica como na hemorrágica. Na capital cearense, os bairros pertencentes à Secretaria Executiva Regional (SER) V são os mais prejudicados. Só nessa região da cidade, foram confirmados 2.597 casos. Os bairros que mais têm sofrido são Bom Jardim, com 442 desses registros; Parque São José, com 230; e Mondubim, 228.
Os municípios com casos de dengue hemorrágica em processo de investigação epidemiológica são: Fortaleza (23), desses, 14 óbitos; Amontada (1 óbito); Canindé (1 óbito); Cascavel (1 óbito); Caucaia (2), desses, 2 óbitos; Itapipoca (4), desses, 2 óbitos; Maracanaú (2 óbitos); Quixadá (3); Tauá (1 óbito); Tejuçuoca (2), desses, 1 óbito; Itapajé (2); Pacajus (1); Parambu (1); Russas (1); e Uruburetama (1).
TRANSMISSOR DE 20 VIROSES
Aedes Albopictus Espécie de origem asiática, cuja entrada no Brasil se especula ter ocorrido por meio do comércio marítimo com o Japão. Foi descoberta em 1986 nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Atualmente, encontra-se distribuída em quase todos os Estados do País. Em Fortaleza, o primeiro registro foi em 2005, no bairro Montese.
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Os dados são dos pesquisadores Victor Emanuel Pessoa Martins e Patrícia Facó, que desenvolvem trabalho de doutorado sobre o tema e fazem parte do grupo multidisciplinar de Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Antes que a notícia cause alarde na população, convém esclarecer: não há confirmação de que o Aedes Albopictus esteja transmitindo a dengue no Brasil. Por outro lado, o “tigre asiático”, como é conhecido, é confirmadamente um transmissor secundário da doença no Japão.
Segundo Victor Martins, o que mais preocupa em relação à grande presença do Aedes Albopictus em Fortaleza é a adaptação dele às áreas urbanas. Os pesquisadores da Uece já registraram o mosquito em ambientes domésticos, fato anormal para uma espécie silvestre.
“Ele está cada vez mais parecido com Aedes Aegypti”, informa, acrescentando que há suspeitas da presença do Albopictus em municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior.
Incidência
Na Capital, segundo a pesquisa, a maior incidência do “tigre asiático” tem sido registrada em bairros com uma grande cobertura vegetal.
De acordo com Patrícia Facó, é fácil encontrar ovos do mosquito em ocos de árvore, que acumulam água facilmente. Outros locais, como cascas de fruta e entrenós de bambus, também podem servir de criadouros naturais. Conforme a coordenadora do grupo multidisciplinar e das pesquisas sobre dengue da Uece, professora Maria Izabel Florindo Guedes, há a possibilidade de o Albopictus estar relacionado ao aumento do número dos casos de dengue em Fortaleza entre 2005 e 2006 (11.776 para 15.974), visto que nenhum sorotipo novo da doença foi registrado na Capital. “Ele chegou com força total”, afirma ela, se referindo ao mosquito.
Apenas em 2008, vai ser possível saber se o “tigre asiático” está transmitindo a dengue em Fortaleza. Essa será a fase conclusiva da pesquisa, quando vai ser feito o isolamento viral do mosquito, ou seja o teste para detectar se o vírus da dengue está presente nos Albopictus. Em caso positivo, segundo Victor Martins, “será quase certeza” que a espécie está transmitindo a dengue à população. “Outros fatores como a quantidade de mosquitos infectados terão que ser considerados também”, esclarece o.
Uma das pesquisas do grupo multidisciplinar de Biotecnologia Ambiental da Uece tenta descobrir a inédita vacina para a produção de anti-corpos que evitem o contágio da dengue. De acordo com a professora Maria Izabel Florindo Guedes, o grupo está perto de alcançar o objetivo.
As experiências realizadas na Uece utilizam um vírus que afeta plantas e o “envelope” dos quatro sorotipos do vírus da dengue. “Nos testes, o antídoto induziu à produção de um alto nível de anti-corpos em coelhos e camundongos”, revela a pesquisadora.
Segundo ela, a utilização de um vírus vegetal dá mais segurança a quem for tomar a vacina, pois não haverá perigo de o antídoto induzir à doença. Outra vantagem é o uso dos quatro sorotipos virais da dengue, o que pode garantir a imunidade a todas as formas da enfermidade.
A próxima fase do projeto deve começar em janeiro de 2008, sendo necessários avanços em biologia molecular para a produção da vacina em larga escala. O passo seguinte a esse será o teste em seres humanos. O Ministério da Saúde é o principal incentivador do projeto, conforme a professora.
OFICINAS E BORRACHARIAS
Reunião visa combater contágio
Cerca de 90 proprietários de oficinas, borracharias, sucatas e outros pontos estratégicos de combate à dengue foram reunidos ontem na Secretaria Executiva Regional (SER) III. Essa foi a 2ª reunião realizada com donos de estabelecimentos na área.
O objetivo é conscientizá-los dos cuidados a serem tomados com a expansão da dengue, visto que esses locais são um dos principais focos de infestação do Aedes aegypti, conforme noticiou o Diário do Nordeste na edição do último dia 29.
Segundo o chefe do Distrito de Endemias da SER III, Sidrônio Ferreira, nenhuma infestação do mosquito foi dectada nos estabelecimentos dos 105 participantes da primeira reunião em setembro. “A gente está percebendo que os proprietários estão se conscientizando dos cuidados a serem tomados”, explicou.
Um deles é o dono de uma oficina no bairro Autran Nunes, Gerardo Almeida, 47. Ele conta que sempre é elogiado por agentes da Vigilância Sanitária por tomar o cuidado de guardar pneus e peças que possam acumular água. “Eu não faço isso por estar preocupado em levar multas, mas sim com a minha saúde”, diz ele.
O índice de infestação predial nos PEs da SER III caiu de 4% na primeira quinzena de setembro para 2,68% nos quinze dias iniciais de outubro.
Em toda a Capital, o dado mais recente é da segunda quinzena de setembro, que também mostra queda em relação à medição anterior: de 2,41% para 1,85%.
DENGUE
Sesa confirma 230 novos casos
Aumenta em 230 o número de casos de dengue no Ceará. Foram 22.488 confirmações desta semana contra 22.258 da anterior. Quanto à forma mais grave da doença, a hemorrágica, em uma semana, segundo o Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a quantidade de casos confirmados saltou de 262 para 265, sendo as três últimas confirmações registradas em Quixadá, a 158 quilômetros de Fortaleza.
Ainda de acordo com o informe semanal da Sesa, não há mudança quanto à quantidade de óbitos, permanecendo até ontem os oito casos anteriormente confirmados em cinco municípios. Sobral já apresenta três vítimas, liderando a lista; Quixadá, uma; Juazeiro do Norte, duas; Camocim uma; e Salitre também uma.
Fortaleza continua a ocupar o primeiro lugar no ranking dos 168 municípios cearenses atingidos pela doença, tanto na sua forma clássica como na hemorrágica. Na capital cearense, os bairros pertencentes à Secretaria Executiva Regional (SER) V são os mais prejudicados. Só nessa região da cidade, foram confirmados 2.597 casos. Os bairros que mais têm sofrido são Bom Jardim, com 442 desses registros; Parque São José, com 230; e Mondubim, 228.
Os municípios com casos de dengue hemorrágica em processo de investigação epidemiológica são: Fortaleza (23), desses, 14 óbitos; Amontada (1 óbito); Canindé (1 óbito); Cascavel (1 óbito); Caucaia (2), desses, 2 óbitos; Itapipoca (4), desses, 2 óbitos; Maracanaú (2 óbitos); Quixadá (3); Tauá (1 óbito); Tejuçuoca (2), desses, 1 óbito; Itapajé (2); Pacajus (1); Parambu (1); Russas (1); e Uruburetama (1).
TRANSMISSOR DE 20 VIROSES
Aedes Albopictus Espécie de origem asiática, cuja entrada no Brasil se especula ter ocorrido por meio do comércio marítimo com o Japão. Foi descoberta em 1986 nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Atualmente, encontra-se distribuída em quase todos os Estados do País. Em Fortaleza, o primeiro registro foi em 2005, no bairro Montese.
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