A história cearense ganha mais visibilidade, a partir de amanhã, com a inauguração do Memorial Barão de Studart, um espaço que abriga boa parte do acervo do Instituto do Ceará.
O Memorial Barão de Studart respeita a moderna historiografia e utiliza-se de muitos recursos para dar visibilidade ao rico acervo do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará. O novo espaço segue as características dos museus contemporâneos, só que tendo como foco principal o Ceará, fazendo um longo passeio pela história do Estado, partindo de um personagem marcante, o Barão de Studart, fundador do Instituto e um dos nomes mais importantes na formação de um pensamento e de uma historiografia cearenses.
Segundo a professora Peregrina Capelo, coordenadora da pesquisa que levou à montagem do museu, tudo que o Barão Studart fazia era baseado não em suposições vãs, no achismo, como se fosse algo ficcional. “Ele se dedicou a uma história científica, baseada em documentos. Era um arquivista, um entusiasmado documentarista. E o material que selecionou e estava em seu poder foi fundamental para contar a nossa história, desde a colônia, desde o Ceará provincial. O Barão é um representante da modernidade, que nasce no final do século XIX e estende-se pelo início do século XX”.
Ao entrar no Memorial, o visitante é estimulado a interagir com a história do Ceará. Imagens, fotografias e muitos recursos tecnológicos favorecem a interação. “Se o visitante quer ler sobre a seca, ele entra num programa que tem tudo que foi publicado sobre seca nas revistas do Instituto”, explica a professora. O visitante também dispõe de um rico material cartográfico. “O museu prima por uma mensagem antropológica, política, sociológica, histórica e do cotidiano. Foram estes os caminhos que nortearam nossa pesquisa”, informa.
Entre os destaques do acervo, estão as cartas de Barão de Studart, de José de Alencar, do Senador Pompeu e do Padre Cícero. “São pepitas de ouro para todos que desejam pesquisar”. A reunião deste material é fruto de mais um ano de intenso trabalho. “Garimpamos e reunimos o que tinha de melhor para explicar, no sentido real e simbólico, a história do Ceará e também de Fortaleza, já que a capital cearense tem uma grande importância para o Instituto”. A concepção cenográfica e museográfica do espaço é de André Scarlazzari, com curadoria de Lídia Sarmiento. “O sucesso do projeto é resultado de uma boa equipe”, avalia.
A fundação do Instituto (1887), conforme a professora, representou uma aventura de conhecimento, afetividade e identidade. E, a partir de agora, o Memorial Barão de Studart tem tudo para se transformar na parte mais visível da instituição que está comemorando 120 anos. “Na época da fundação, o Brasil vivia um momento ímpar: a abolição avizinhava-se, assim como a proclamação da República. E o Instituto mostrava a força do nosso pensamento histórico e social, capitaneados por Capistrano de Abreu e Barão de Studart. Hoje, nós temos outro cenário, mas, com este Memorial, o Instituto mostra que não parou no tempo e que continua evoluindo”.
Sonho realizado
O Memorial Barão de Studart foi idealizado pelo escritor Eduardo Campos, ex-presidente do Instituto, falecido em setembro deste ano. “Ele imaginou um memorial moderno, de primeiro mundo, que fosse bastante interativo. E o resultado é um espaço que, em termos de tecnologia, figura entre os mais modernos do país no gênero”, informa o atual presidente, José Augusto Bezerra, que concluiu o trabalho iniciado por Eduardo Campos. O ex-presidente, certa vez indagado sobre a possibilidade de não contemplar sua obra concluída, de não vê-la florescer, respondeu sem nenhum lamento: “Mas os outros, sim”.
O atual presidente diz que o objetivo de Eduardo Campos foi alcançado: “Os que vieram depois dele souberam regar a árvore, para que ela crescesse e gerasse novas sementes de sonhos”. O espaço, segundo José Augusto Bezerra, é uma fonte de pesquisa inesgotável. “Mas o funcionamento efetivo do Memorial Barão de Studart só começa em janeiro. Por enquanto, estamos preparando uma equipe para orientar todos os visitantes que desejam conhecer o nosso acervo”. Na ocasião da inauguração do espaço, amanhã, será entregue a medalha Barão de Studart a Ivens Dias Branco, patrocinador do Memorial, que será saudado por Ednilo Gomes de Soarez.
Barão de Studart
A história do Instituto do Ceará é marcada de sonhos desde a sua fundação, que pode ser personificada na figura de Guilherme Chambly Studart, o Barão de Studart (Fortaleza, 5 de janeiro de 1856 - Fortaleza, 25 de setembro de 1938). Ele era médico, historiador e vice-cônsul do Reino Unido no Estado. Sua batalha foi para que a memória do Ceará não se perdesse. Lutou e conseguiu desenvolver vários trabalhos, hoje fonte de pesquisas para historiadores de todo o mundo.
Em uma de suas frases mais famosas, quando já cansado pelos anos, disse: “Inicio hoje a publicação dos documentos relativos à vida do Brasil Colônia: vejo assim realizado um dos mais queridos projetos. Do que me pertence faço de bom grado, partilharem os amantes da história pátria, tendo como certo que eles encontrarão algum subsídio aproveitável ao cabedal que há anos vou acumulando e ora lhes é ofertado. A este volume muitos outros se seguirão, se as forças, já tão alquebradas me consentirem.”
Caráter científico
Mas a força de Barão de Studart permaneceu mesmo após sua morte, “encarnada” no Instituto do Ceará, uma instituição de estudos de caráter científico sobre diversos temas, em especial a história, a geografia e a antropologia. A instituição publica anualmente uma revista em formato de livro e dispõe de biblioteca, hemeroteca, mapoteca, arquivo e, agora, um dos mais modernos memoriais do país. São os frutos de um trabalho iniciado, há mais de cem anos, por Barão de Studart.
Serviço:
Inauguração do Memorial Barão de Studart, amanhã, às 19 horas, no Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará (Rua Barão do Rio Branco, 1594, Centro).
Informações: (85) 3231.6152.
O Memorial Barão de Studart respeita a moderna historiografia e utiliza-se de muitos recursos para dar visibilidade ao rico acervo do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará. O novo espaço segue as características dos museus contemporâneos, só que tendo como foco principal o Ceará, fazendo um longo passeio pela história do Estado, partindo de um personagem marcante, o Barão de Studart, fundador do Instituto e um dos nomes mais importantes na formação de um pensamento e de uma historiografia cearenses.
Segundo a professora Peregrina Capelo, coordenadora da pesquisa que levou à montagem do museu, tudo que o Barão Studart fazia era baseado não em suposições vãs, no achismo, como se fosse algo ficcional. “Ele se dedicou a uma história científica, baseada em documentos. Era um arquivista, um entusiasmado documentarista. E o material que selecionou e estava em seu poder foi fundamental para contar a nossa história, desde a colônia, desde o Ceará provincial. O Barão é um representante da modernidade, que nasce no final do século XIX e estende-se pelo início do século XX”.
Ao entrar no Memorial, o visitante é estimulado a interagir com a história do Ceará. Imagens, fotografias e muitos recursos tecnológicos favorecem a interação. “Se o visitante quer ler sobre a seca, ele entra num programa que tem tudo que foi publicado sobre seca nas revistas do Instituto”, explica a professora. O visitante também dispõe de um rico material cartográfico. “O museu prima por uma mensagem antropológica, política, sociológica, histórica e do cotidiano. Foram estes os caminhos que nortearam nossa pesquisa”, informa.
Entre os destaques do acervo, estão as cartas de Barão de Studart, de José de Alencar, do Senador Pompeu e do Padre Cícero. “São pepitas de ouro para todos que desejam pesquisar”. A reunião deste material é fruto de mais um ano de intenso trabalho. “Garimpamos e reunimos o que tinha de melhor para explicar, no sentido real e simbólico, a história do Ceará e também de Fortaleza, já que a capital cearense tem uma grande importância para o Instituto”. A concepção cenográfica e museográfica do espaço é de André Scarlazzari, com curadoria de Lídia Sarmiento. “O sucesso do projeto é resultado de uma boa equipe”, avalia.
A fundação do Instituto (1887), conforme a professora, representou uma aventura de conhecimento, afetividade e identidade. E, a partir de agora, o Memorial Barão de Studart tem tudo para se transformar na parte mais visível da instituição que está comemorando 120 anos. “Na época da fundação, o Brasil vivia um momento ímpar: a abolição avizinhava-se, assim como a proclamação da República. E o Instituto mostrava a força do nosso pensamento histórico e social, capitaneados por Capistrano de Abreu e Barão de Studart. Hoje, nós temos outro cenário, mas, com este Memorial, o Instituto mostra que não parou no tempo e que continua evoluindo”.
Sonho realizado
O Memorial Barão de Studart foi idealizado pelo escritor Eduardo Campos, ex-presidente do Instituto, falecido em setembro deste ano. “Ele imaginou um memorial moderno, de primeiro mundo, que fosse bastante interativo. E o resultado é um espaço que, em termos de tecnologia, figura entre os mais modernos do país no gênero”, informa o atual presidente, José Augusto Bezerra, que concluiu o trabalho iniciado por Eduardo Campos. O ex-presidente, certa vez indagado sobre a possibilidade de não contemplar sua obra concluída, de não vê-la florescer, respondeu sem nenhum lamento: “Mas os outros, sim”.
O atual presidente diz que o objetivo de Eduardo Campos foi alcançado: “Os que vieram depois dele souberam regar a árvore, para que ela crescesse e gerasse novas sementes de sonhos”. O espaço, segundo José Augusto Bezerra, é uma fonte de pesquisa inesgotável. “Mas o funcionamento efetivo do Memorial Barão de Studart só começa em janeiro. Por enquanto, estamos preparando uma equipe para orientar todos os visitantes que desejam conhecer o nosso acervo”. Na ocasião da inauguração do espaço, amanhã, será entregue a medalha Barão de Studart a Ivens Dias Branco, patrocinador do Memorial, que será saudado por Ednilo Gomes de Soarez.
Barão de Studart
A história do Instituto do Ceará é marcada de sonhos desde a sua fundação, que pode ser personificada na figura de Guilherme Chambly Studart, o Barão de Studart (Fortaleza, 5 de janeiro de 1856 - Fortaleza, 25 de setembro de 1938). Ele era médico, historiador e vice-cônsul do Reino Unido no Estado. Sua batalha foi para que a memória do Ceará não se perdesse. Lutou e conseguiu desenvolver vários trabalhos, hoje fonte de pesquisas para historiadores de todo o mundo.
Em uma de suas frases mais famosas, quando já cansado pelos anos, disse: “Inicio hoje a publicação dos documentos relativos à vida do Brasil Colônia: vejo assim realizado um dos mais queridos projetos. Do que me pertence faço de bom grado, partilharem os amantes da história pátria, tendo como certo que eles encontrarão algum subsídio aproveitável ao cabedal que há anos vou acumulando e ora lhes é ofertado. A este volume muitos outros se seguirão, se as forças, já tão alquebradas me consentirem.”
Caráter científico
Mas a força de Barão de Studart permaneceu mesmo após sua morte, “encarnada” no Instituto do Ceará, uma instituição de estudos de caráter científico sobre diversos temas, em especial a história, a geografia e a antropologia. A instituição publica anualmente uma revista em formato de livro e dispõe de biblioteca, hemeroteca, mapoteca, arquivo e, agora, um dos mais modernos memoriais do país. São os frutos de um trabalho iniciado, há mais de cem anos, por Barão de Studart.
Serviço:
Inauguração do Memorial Barão de Studart, amanhã, às 19 horas, no Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará (Rua Barão do Rio Branco, 1594, Centro).
Informações: (85) 3231.6152.
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