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vereadores, prefeitos e assessores viajam para encontros fantasmas, fazem turismo e as contas são pagas com dinheiro público. Confira trechos inéditos dos belos passeios de nossos parlamentares.
A farra desses políticos em congressos forjados provocou reações. Para a Controladoria-geral da União, é crime que leva a penas de reclusão, suspensão de direitos políticos e perda da função pública. Será?
Que boca-livre inesquecível em Buenos Aires – é o que dizem os próprios participantes do evento. Eles deveriam assistir a uma série de palestras em Buenos Aires, mas não ficaram nem um pouco decepcionados quando as palestras foram canceladas. Para a Controladoria-geral da União, o que os vereadores, assessores e prefeitos fizeram é um crime sujeito, inclusive, a cadeia.
Documentos provam uma farsa. São certificados de participação do sétimo Congresso Sul-Americano de Prefeitos, Vereadores e Assessores. Os papéis vieram pelo correio, em nome dos produtores da TV Globo. Willian Santos e Robinson Cerântula passaram cinco dias em Buenos Aires, na Argentina, e acompanharam parlamentares de várias regiões do Brasil em um congresso que não existiu.
“Cancelou o evento, nós podemos passear à vontade. Mas e o comprovante?”, pergunta a presidente da Câmara de Matozinhos (MG), Alessandra Alves Pinto. “Pois é, isso vai mandar para a cidade de vocês”, responde um homem.
O comprovante é para que o Poder Legislativo de cada cidade pague tudo: passagem, diárias e hospedagem. Alessandra Alves Pinto, do PPS, presidente da Câmara de Matozinhos, em Minas Gerais, gostou do tratamento que recebeu na capital portenha.
“Aqui está ótimo. Nosso quarto é maravilhoso. Muito bom. Duplex. O quarto é excelente, tem banheira, é gostoso! Pena que não tem hidromassagem”, comenta Alessandra Alves Pinto.
A diretora administrativa da Câmara de Matozinhos estava junto. Ela diz quem paga a conta.
Diretora administrativa: A Câmara que pagou.
Produtor: É?
Diretora administrativa: Faz um empenho e paga.
Produtor: Gostou da viagem?
Diretora administrativa: Ô! Melhor do que se tivesse tido convenção.
Nas ruas, durante os passeios, os parlamentares e os assessores se divertem. “Essa Buenos Aires é muito linda”, comenta a presidente da Câmara de Matozinhos, Alessandra Alves Pinto.
Falam sobre o significado da Praça de Maio. “Então, essa aqui é a praça dos poderes?”, pergunta um dos participantes do congresso.
Entram em conflito quando precisam tomar uma decisão.
“Nós vamos ficar doidinhos. Saber qual restaurante nós vamos, porque é um melhor que o outro. Tudo lindo”, comenta a presidente da Câmara de Matozinhos, Alessandra Alves Pinto.
Tudo, claro, bancado pelos cofres públicos.
“A passagem e a minha estadia é a Câmara que paga. E a minha diária”, afirma Manoel Teixeira de Lima, presidente da Câmara Municipal de Caruaru, em Pernambuco.
“E a diária quanto é?”, pergunta o produtor. “R$ 860 por dia. Se eu passo cinco dias aqui, dá R$ 4 mil e alguma coisa, né?”, responde Manoel Teixeira de Lima.
Manoel Teixeira de Lima, do PSDC, presidente da Câmara de Caruaru (PE), e o vereador Eduardo Musse, do PPS, de São Francisco do Sul (SC), também estavam na excursão organizada pelo Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios (Ibram).
Fora os encontros internacionais, o Ibram promove por mês sete congressos no Brasil. Os organizadores chegam a aceitar inscrições até no último dia de cada evento. Mesmo assim, entregam os certificados e dão aos vereadores o documento que vai garantir o pagamento das diárias parlamentares.
Nos últimos meses, os produtores da TV Globo se inscreveram em, pelo menos, três eventos desse tipo.
Produtor: Dá para fazer a inscrição agora?
Representante do Ibram: Dá para fazer a inscrição agora. Você só não teria mais as palestras.
O representante do Ibram cita quem já participou dos congressos fantasmas.
Produtor: E vem do Brasil inteiro?
Representante do Ibram: Está aqui, ó... Itaguaí, Rio de Janeiro. Esses aqui vieram pra quê? Para passear. Já me pagou, prepara a minha documentação, já pegou as ‘mulher’ deles e já foram pra 25 de Março.
Depois da denúncia da TV Globo, o ministro da Controladoria-geral da União, Jorge Hage, definiu a viagem dos vereadores como um crime.
“Isso caracteriza improbidade administrativa, pelos dois tipos: do tipo lesão aos cofres públicos, porque é aplicação indevida de verba pública; e também enriquecimento ilícito, ou seja, o uso do dinheiro público em proveito próprio. E além do ilícito de improbidade, é também o ilícito penal, de aplicação irregular de verbas públicas, que também implica em pena de reclusão. No âmbito da improbidade, a pena é de suspensão dos direitos políticos até dez anos; de ressarcimento do que foi retirado dos cofres públicos; de pagamento de multa; de perda da função pública; proibição de contratar com serviço público. Tudo isso está previsto na legislação”, afirmou o ministro da Controladoria-geral da União, Jorge Hage.
O presidente da Câmara de Caruaru disse, por telefone, que vai pagar do bolso a hospedagem de hoje e de amanhã. A assessoria da presidente da Câmara de Matozinhos não deu explicações sobre a participação no Congresso. O vereador Eduardo Musse, de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, disse que vai devolver o valor das diárias.
O Ibram, que organizou esse encontro, declarou que, como compensação, os participantes do congresso na Argentina ficarão isentos da inscrição para o próximo encontro, no ano que vem. O novo congresso também será em Buenos Aires, de acordo com o instituto, para que haja um intercâmbio cultural.
A farra desses políticos em congressos forjados provocou reações. Para a Controladoria-geral da União, é crime que leva a penas de reclusão, suspensão de direitos políticos e perda da função pública. Será?
Que boca-livre inesquecível em Buenos Aires – é o que dizem os próprios participantes do evento. Eles deveriam assistir a uma série de palestras em Buenos Aires, mas não ficaram nem um pouco decepcionados quando as palestras foram canceladas. Para a Controladoria-geral da União, o que os vereadores, assessores e prefeitos fizeram é um crime sujeito, inclusive, a cadeia.
Documentos provam uma farsa. São certificados de participação do sétimo Congresso Sul-Americano de Prefeitos, Vereadores e Assessores. Os papéis vieram pelo correio, em nome dos produtores da TV Globo. Willian Santos e Robinson Cerântula passaram cinco dias em Buenos Aires, na Argentina, e acompanharam parlamentares de várias regiões do Brasil em um congresso que não existiu.
“Cancelou o evento, nós podemos passear à vontade. Mas e o comprovante?”, pergunta a presidente da Câmara de Matozinhos (MG), Alessandra Alves Pinto. “Pois é, isso vai mandar para a cidade de vocês”, responde um homem.
O comprovante é para que o Poder Legislativo de cada cidade pague tudo: passagem, diárias e hospedagem. Alessandra Alves Pinto, do PPS, presidente da Câmara de Matozinhos, em Minas Gerais, gostou do tratamento que recebeu na capital portenha.
“Aqui está ótimo. Nosso quarto é maravilhoso. Muito bom. Duplex. O quarto é excelente, tem banheira, é gostoso! Pena que não tem hidromassagem”, comenta Alessandra Alves Pinto.
A diretora administrativa da Câmara de Matozinhos estava junto. Ela diz quem paga a conta.
Diretora administrativa: A Câmara que pagou.
Produtor: É?
Diretora administrativa: Faz um empenho e paga.
Produtor: Gostou da viagem?
Diretora administrativa: Ô! Melhor do que se tivesse tido convenção.
Nas ruas, durante os passeios, os parlamentares e os assessores se divertem. “Essa Buenos Aires é muito linda”, comenta a presidente da Câmara de Matozinhos, Alessandra Alves Pinto.
Falam sobre o significado da Praça de Maio. “Então, essa aqui é a praça dos poderes?”, pergunta um dos participantes do congresso.
Entram em conflito quando precisam tomar uma decisão.
“Nós vamos ficar doidinhos. Saber qual restaurante nós vamos, porque é um melhor que o outro. Tudo lindo”, comenta a presidente da Câmara de Matozinhos, Alessandra Alves Pinto.
Tudo, claro, bancado pelos cofres públicos.
“A passagem e a minha estadia é a Câmara que paga. E a minha diária”, afirma Manoel Teixeira de Lima, presidente da Câmara Municipal de Caruaru, em Pernambuco.
“E a diária quanto é?”, pergunta o produtor. “R$ 860 por dia. Se eu passo cinco dias aqui, dá R$ 4 mil e alguma coisa, né?”, responde Manoel Teixeira de Lima.
Manoel Teixeira de Lima, do PSDC, presidente da Câmara de Caruaru (PE), e o vereador Eduardo Musse, do PPS, de São Francisco do Sul (SC), também estavam na excursão organizada pelo Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios (Ibram).
Fora os encontros internacionais, o Ibram promove por mês sete congressos no Brasil. Os organizadores chegam a aceitar inscrições até no último dia de cada evento. Mesmo assim, entregam os certificados e dão aos vereadores o documento que vai garantir o pagamento das diárias parlamentares.
Nos últimos meses, os produtores da TV Globo se inscreveram em, pelo menos, três eventos desse tipo.
Produtor: Dá para fazer a inscrição agora?
Representante do Ibram: Dá para fazer a inscrição agora. Você só não teria mais as palestras.
O representante do Ibram cita quem já participou dos congressos fantasmas.
Produtor: E vem do Brasil inteiro?
Representante do Ibram: Está aqui, ó... Itaguaí, Rio de Janeiro. Esses aqui vieram pra quê? Para passear. Já me pagou, prepara a minha documentação, já pegou as ‘mulher’ deles e já foram pra 25 de Março.
Depois da denúncia da TV Globo, o ministro da Controladoria-geral da União, Jorge Hage, definiu a viagem dos vereadores como um crime.
“Isso caracteriza improbidade administrativa, pelos dois tipos: do tipo lesão aos cofres públicos, porque é aplicação indevida de verba pública; e também enriquecimento ilícito, ou seja, o uso do dinheiro público em proveito próprio. E além do ilícito de improbidade, é também o ilícito penal, de aplicação irregular de verbas públicas, que também implica em pena de reclusão. No âmbito da improbidade, a pena é de suspensão dos direitos políticos até dez anos; de ressarcimento do que foi retirado dos cofres públicos; de pagamento de multa; de perda da função pública; proibição de contratar com serviço público. Tudo isso está previsto na legislação”, afirmou o ministro da Controladoria-geral da União, Jorge Hage.
O presidente da Câmara de Caruaru disse, por telefone, que vai pagar do bolso a hospedagem de hoje e de amanhã. A assessoria da presidente da Câmara de Matozinhos não deu explicações sobre a participação no Congresso. O vereador Eduardo Musse, de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, disse que vai devolver o valor das diárias.
O Ibram, que organizou esse encontro, declarou que, como compensação, os participantes do congresso na Argentina ficarão isentos da inscrição para o próximo encontro, no ano que vem. O novo congresso também será em Buenos Aires, de acordo com o instituto, para que haja um intercâmbio cultural.
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