quarta-feira, 9 de maio de 2007

Carros populares???

Comprar um carro de origem brasileira no exterior sai mais barato que adquiri-lo no próprio Brasil. Como isso é possível? A resposta está num tripé: os altos impostos, a grande procura e a busca constante pelo status.

No México, por exemplo, um Palio 1.0 Fire que é fabricado em Minas Gerais, custa R$ 27.010. Em qualquer revendedora autorizada brasileira um zero-quilômetro do mesmo modelo não sai por menos de R$ 32.000.

O brasileiro é o consumidor que mais paga carga tributária no segmento automotivo e não sabe o por quê. Também pudera, são tantos que é difícil decorar (ou é decifrar?): IPI, ICMS, PIS, CONFINS.

Em números, significa quase 30% inseridos no preço final do automóvel de motorizacão 1.0. Para agravar a situação, acima de 2.0 os tributos aumentam para 36,4%.

Para se ter uma outra idéia, um Golf 2.0(com ABS, air bag e CD-player) comprado nos Estados Unidos sai por R$ 40.524. Em nosso País, com os mesmos atributos, está por R$ 63.535.

Na terra do “Tio Sam”, os impostos abocanham só 6% do valor do veículo, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A Anfavea explica que cada país tem a sua própria tributação causando disparidades de preços. No Japão é 9 %. É por isso que lá, carros de ponta são vendidos a preços de “populares” aqui. Na Europa a média é de 15%. México 16%. A nossa vizinha, a Argentina, é de 21%. Um Corolla XEi automático que no Brasil custa R$ 67.900, tem preço em solo portenho de R$ 57.657.

O segundo fator que encarece é a grande procura. Basta lembrar que no ano passado, na Newland - concessionária Toyota, a Hilux SW-4 mal havia chegado e já existiam na lista de espera mais de 100 compradores.

Atrelado a esse comportamento vem o status, o último pilar. Em conversas informais, clientes brasileiros já são conhecidos por desembolsarem mais pela imagem proporcionada por um novo modelo. Isto é, são mais impulsionados pela emoção que a razão, diferentemente dos europeus e de nossos “hermanos”.

Sonho do carro próprio

A terrível dor de cabeça das grandes fabricantes de automóveis é ainda a criação de modelos de baixo custo, acessíveis às grandes massas. Esse desejo não é exclusividade só de países emergentes, mas também de mercados consolidados, como o da Europa e nos EUA.

A corrida pelo automóvel barato, isto é, o popular, empurra o segmento, que tenta reinventar o jeito de produzi-los. A meta é criar modelos com design atraente para o consumidor e preços abaixo de US$ 10 mil, ou seja, R$ 20 mil.

No Brasil, há pelo menos oito projetos previstos para os próximos cinco anos, alguns ainda fora dessa meta de preço. Um exemplo claro é o carro mais barato hoje no Brasil, o KA, da Ford, custa R$ 19.990, em promoção. No entanto, o carro está com seus dias contados. A Ford já anunciou que não mais o fabricará.

Simulação

Entretanto, fazendo um cálculo baseado na tabela da Anfavea e tirando o peso da carga tributária que o consumidor tem que arcar (27,1%) em cada veículo “popular” de cilindrada 1.0, os valores do KA cairiam, do preço médio de R$ 20.490, para R$ 14.937. Já o Fiat Mille passaria de R$ 22.170 para R$ 16.161. O Gol 1.0, de R$ 23.990 para R$ 17.488. O Celta 1.0, de R$ 23.980, para R$ 17.481. Já o Peugeot 206 1.4, de R$ 26.990, para R$ 18.785.

Entretanto, a expansão dos chineses e indianos coloca pressão nas montadoras tradicionais para terem produtos competitivos, com pouca tecnologia, acabamento simples e novas matérias-primas.

Bom, como as coisas só chegam ao Brasil tardiamente e não há nada de novo no Congresso em relação as taxas de impostos que o Governo exige, para o consumidor brasileiro o jeito é aguardar. E sentado!

DN

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quarta-feira, 9 de maio de 2007 às 2:53:00 AM |  
Comprar um carro de origem brasileira no exterior sai mais barato que adquiri-lo no próprio Brasil. Como isso é possível? A resposta está num tripé: os altos impostos, a grande procura e a busca constante pelo status.

No México, por exemplo, um Palio 1.0 Fire que é fabricado em Minas Gerais, custa R$ 27.010. Em qualquer revendedora autorizada brasileira um zero-quilômetro do mesmo modelo não sai por menos de R$ 32.000.

O brasileiro é o consumidor que mais paga carga tributária no segmento automotivo e não sabe o por quê. Também pudera, são tantos que é difícil decorar (ou é decifrar?): IPI, ICMS, PIS, CONFINS.

Em números, significa quase 30% inseridos no preço final do automóvel de motorizacão 1.0. Para agravar a situação, acima de 2.0 os tributos aumentam para 36,4%.

Para se ter uma outra idéia, um Golf 2.0(com ABS, air bag e CD-player) comprado nos Estados Unidos sai por R$ 40.524. Em nosso País, com os mesmos atributos, está por R$ 63.535.

Na terra do “Tio Sam”, os impostos abocanham só 6% do valor do veículo, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A Anfavea explica que cada país tem a sua própria tributação causando disparidades de preços. No Japão é 9 %. É por isso que lá, carros de ponta são vendidos a preços de “populares” aqui. Na Europa a média é de 15%. México 16%. A nossa vizinha, a Argentina, é de 21%. Um Corolla XEi automático que no Brasil custa R$ 67.900, tem preço em solo portenho de R$ 57.657.

O segundo fator que encarece é a grande procura. Basta lembrar que no ano passado, na Newland - concessionária Toyota, a Hilux SW-4 mal havia chegado e já existiam na lista de espera mais de 100 compradores.

Atrelado a esse comportamento vem o status, o último pilar. Em conversas informais, clientes brasileiros já são conhecidos por desembolsarem mais pela imagem proporcionada por um novo modelo. Isto é, são mais impulsionados pela emoção que a razão, diferentemente dos europeus e de nossos “hermanos”.

Sonho do carro próprio

A terrível dor de cabeça das grandes fabricantes de automóveis é ainda a criação de modelos de baixo custo, acessíveis às grandes massas. Esse desejo não é exclusividade só de países emergentes, mas também de mercados consolidados, como o da Europa e nos EUA.

A corrida pelo automóvel barato, isto é, o popular, empurra o segmento, que tenta reinventar o jeito de produzi-los. A meta é criar modelos com design atraente para o consumidor e preços abaixo de US$ 10 mil, ou seja, R$ 20 mil.

No Brasil, há pelo menos oito projetos previstos para os próximos cinco anos, alguns ainda fora dessa meta de preço. Um exemplo claro é o carro mais barato hoje no Brasil, o KA, da Ford, custa R$ 19.990, em promoção. No entanto, o carro está com seus dias contados. A Ford já anunciou que não mais o fabricará.

Simulação

Entretanto, fazendo um cálculo baseado na tabela da Anfavea e tirando o peso da carga tributária que o consumidor tem que arcar (27,1%) em cada veículo “popular” de cilindrada 1.0, os valores do KA cairiam, do preço médio de R$ 20.490, para R$ 14.937. Já o Fiat Mille passaria de R$ 22.170 para R$ 16.161. O Gol 1.0, de R$ 23.990 para R$ 17.488. O Celta 1.0, de R$ 23.980, para R$ 17.481. Já o Peugeot 206 1.4, de R$ 26.990, para R$ 18.785.

Entretanto, a expansão dos chineses e indianos coloca pressão nas montadoras tradicionais para terem produtos competitivos, com pouca tecnologia, acabamento simples e novas matérias-primas.

Bom, como as coisas só chegam ao Brasil tardiamente e não há nada de novo no Congresso em relação as taxas de impostos que o Governo exige, para o consumidor brasileiro o jeito é aguardar. E sentado!

DN
Postado por Igor Viana Marcadores:

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