Hoje, as obras culturais não mais repercutem mais na consciência das pessoas.
Houve um tempo em que uma obra prima do teatro ou grande filme influenciava a cultura do Brasil. Os acordes de João Gilberto mudaram a musica; “Terra em transe”, mudou não só o cinema mas criou o tropicalismo, influenciou Zé Celso – que criou o rei da vela, que influenciou o teatro e a contracultura, que descaretizou a solenidade artística.
Hoje, as obras culturais não mais repercutem mais na consciência das pessoas. A cultura mudava a política; “hoje”, como dizia o grande Oswald de Andrade, “a bosta mental é tanta, que nada ilumina o pensamento nacional”. Fica tudo no gosto ou não gosto.
Nelson Rodrigues mudou a moral das pessoas. Guimarães Rosa, mudou as palavras. Há pouco, o Gerald Thomas montou uma obra-prima com o Nanini, “Circo de rins e fígado”. Alguém se mexeu? Não.
Agora, esse espetáculo do Felipe Hirsch, em cima de textos do extraordinário Dalton, deveria diferenciar nossas vidas. Mas a arte de mercado só nos compacta num grande formigueiro medíocre.
Essa peça é imperdível. E quantos a perderão? Neste país, unificado pelo horror e desesperança, a arte e a beleza são as poucas portas de fuga que ainda temos.
Fujam, para dentro.
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Arnaldo Jabor
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