sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Vagas de babá já atraem homens


A popstar Madonna chamou atenção da mídia ao contratar um homem como babá para cuidar de seu filho adotivo David. A prática não é novidade no exterior, mas, para a moda pegar no Brasil, é preciso vencer barreiras culturais, segundo especialistas.

Ainda assim, homens já começam a se candidatar para vagas de emprego de babá, profissão tradicionalmente desempenhada por mulheres. “É uma novidade no Brasil e, por isso, há questões para rompermos. Tipicamente as babás são do sexo feminino, com isso as famílias confiam mais em mulheres. Os homens, por outro lado, talvez não se vejam desempenhando esta função”, afirma Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga pela Universidade de São Paulo (USP).

Janílson Reis, de 21 anos, já cuidou de duas crianças em Belém, cidade onde mora, e deseja trabalhar como babá novamente. “Ficava encarregado de levar e buscar dois irmãos da escola. Fazíamos o caminho a pé. Quando chegava à casa deles, brincava por uma hora, até que o pai voltasse do trabalho”, afirma o rapaz.

Na ocasião, ele foi contratado pela vizinha e exerceu a função durante cerca de dois anos. “Só parei de trabalhar porque as crianças mudaram para uma escola mais próxima de onde moravam”, conta.

Especialização

Atualmente o rapaz faz um curso para babás em busca de aperfeiçoamento. “Acho que é raro ver homens como babás, mas tenho habilidade com crianças. Gostaria de trabalhar em casa de família ou em creches.”

Reis é um dos dois homens do curso promovido pela agência de babás Kanguruh, em Belém. A turma conta, ao todo, com 16 alunos, mostrando que a parcela masculina ainda é reduzida. O curso tem duração de quatro meses, com aulas de segunda a sexta-feira e estágio supervisionado.

Experiência dentro de casa

Adilson do Carmo, de 19 anos, também procura trabalho como babá. O rapaz se candidatou a uma vaga de emprego divulgada pela agência Keeping Care, no Recife, e passa por processo seletivo.

Ele acredita que a experiência de cuidar de seus dois filhos é um ponto positivo. “Procuro ajudar a mãe das crianças participando em tudo o que posso”, afirma o rapaz, que é pai de uma menina, de 1 ano, e de um garoto, de um mês. Segundo Carmo, além de um bom relacionamento com crianças, ele tem habilidades em afazeres domésticos. “Gosto muito de cozinhar. Também faço limpeza e lavo louça”, diz.

Fora de casa, Carmo eventualmente toma conta de Maria Vitória, de 6 anos. “Minha filha adora brincar com ele. Se eu tivesse condições financeiras, contrataria como babá. Até o cabelo dela ele ajeita”, afirma a mãe da garota, Edivânia dos Santos.

Pontos a favor

A psicóloga Amanda Couceiro, que presta assessoria a uma agência no Pará que dá curso de especialização para babás e as coloca no mercado de trabalho, afirma que, independentemente do sexo do profissional, a seleção para uma babá deve ser cautelosa. Segundo Amanda, referências e antecedentes devem ser checados. Os pais também devem monitorar o profissional durante um período de adaptação.

“A forte entrada das mulheres no mercado de trabalho de uns anos pra cá fez com que os pais tivessem que dividir algumas funções nos cuidados com os filhos, que antes ficavam restritas à mãe. Por isso, acho que a idéia de que babás devam ser exclusivamente do sexo feminino tem chances de ser quebrada”, afirma.

Outro ponto positivo é a disposição física dos homens. “Eles têm mais fôlego para correr, jogar bola, praticar esportes. Para a profissão emplacar, resta a confiança das famílias”, afirma a psicóloga.
g1

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sexta-feira, 5 de outubro de 2007 às 10:05:00 AM |  

A popstar Madonna chamou atenção da mídia ao contratar um homem como babá para cuidar de seu filho adotivo David. A prática não é novidade no exterior, mas, para a moda pegar no Brasil, é preciso vencer barreiras culturais, segundo especialistas.

Ainda assim, homens já começam a se candidatar para vagas de emprego de babá, profissão tradicionalmente desempenhada por mulheres. “É uma novidade no Brasil e, por isso, há questões para rompermos. Tipicamente as babás são do sexo feminino, com isso as famílias confiam mais em mulheres. Os homens, por outro lado, talvez não se vejam desempenhando esta função”, afirma Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga pela Universidade de São Paulo (USP).

Janílson Reis, de 21 anos, já cuidou de duas crianças em Belém, cidade onde mora, e deseja trabalhar como babá novamente. “Ficava encarregado de levar e buscar dois irmãos da escola. Fazíamos o caminho a pé. Quando chegava à casa deles, brincava por uma hora, até que o pai voltasse do trabalho”, afirma o rapaz.

Na ocasião, ele foi contratado pela vizinha e exerceu a função durante cerca de dois anos. “Só parei de trabalhar porque as crianças mudaram para uma escola mais próxima de onde moravam”, conta.

Especialização

Atualmente o rapaz faz um curso para babás em busca de aperfeiçoamento. “Acho que é raro ver homens como babás, mas tenho habilidade com crianças. Gostaria de trabalhar em casa de família ou em creches.”

Reis é um dos dois homens do curso promovido pela agência de babás Kanguruh, em Belém. A turma conta, ao todo, com 16 alunos, mostrando que a parcela masculina ainda é reduzida. O curso tem duração de quatro meses, com aulas de segunda a sexta-feira e estágio supervisionado.

Experiência dentro de casa

Adilson do Carmo, de 19 anos, também procura trabalho como babá. O rapaz se candidatou a uma vaga de emprego divulgada pela agência Keeping Care, no Recife, e passa por processo seletivo.

Ele acredita que a experiência de cuidar de seus dois filhos é um ponto positivo. “Procuro ajudar a mãe das crianças participando em tudo o que posso”, afirma o rapaz, que é pai de uma menina, de 1 ano, e de um garoto, de um mês. Segundo Carmo, além de um bom relacionamento com crianças, ele tem habilidades em afazeres domésticos. “Gosto muito de cozinhar. Também faço limpeza e lavo louça”, diz.

Fora de casa, Carmo eventualmente toma conta de Maria Vitória, de 6 anos. “Minha filha adora brincar com ele. Se eu tivesse condições financeiras, contrataria como babá. Até o cabelo dela ele ajeita”, afirma a mãe da garota, Edivânia dos Santos.

Pontos a favor

A psicóloga Amanda Couceiro, que presta assessoria a uma agência no Pará que dá curso de especialização para babás e as coloca no mercado de trabalho, afirma que, independentemente do sexo do profissional, a seleção para uma babá deve ser cautelosa. Segundo Amanda, referências e antecedentes devem ser checados. Os pais também devem monitorar o profissional durante um período de adaptação.

“A forte entrada das mulheres no mercado de trabalho de uns anos pra cá fez com que os pais tivessem que dividir algumas funções nos cuidados com os filhos, que antes ficavam restritas à mãe. Por isso, acho que a idéia de que babás devam ser exclusivamente do sexo feminino tem chances de ser quebrada”, afirma.

Outro ponto positivo é a disposição física dos homens. “Eles têm mais fôlego para correr, jogar bola, praticar esportes. Para a profissão emplacar, resta a confiança das famílias”, afirma a psicóloga.
g1
Postado por Igor Viana Marcadores: ,

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